As embalagens alimentares e o COVID-19 - Info Saúde
O desafio que hoje enfrentamos, desde dezembro de 2019, teve origem na deteção de um conjunto de casos de pneumonia na China, que encontraram como motivo um vírus desconhecido. Este vírus é denominado como novo coronavírus (2019-nCoV) e designado, taxonomicamente, como SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2) que pode evoluir para a doença COVID-19 (Co- corona; VI – vírus; D – doença) (1).
Esta pandemia chegou, mas veio sem “compêndio de instruções”, ainda estamos todos a adaptarmo-nos e a tentar perceber qual será a melhor forma de gerir o dia-a-dia e as rotinas, bem diferentes de antes, sobretudo para evitar o contágio. Assim sendo, muitas questões se nos colocam, como por exemplo, numa ida ao supermercado. Como fazer compras com segurança? Devem-se desinfetar os produtos frescos ou as suas embalagens? E o que se deve fazer quando se chega a casa com as compras para evitar a contaminação? De acordo com o relatório emitido pela agência norte-americana do medicamento (FDA, Food and Drugs Administration), para os consumidores, atualmente não há evidências de que alimentos ou embalagens de alimentos estejam associados à transmissão do coronavírus devido ao COVID-19. Apesar de vários estudos indicarem que o tempo de sobrevivência do vírus varia de material para material, podendo durar até 3 dias no plástico e cerca de 2 dias no aço, a carga viral deste reduz-se bastante durante esse período. Assim sendo, pode-se ler neste relatório que "Queremos assegurar os consumidores que não há qualquer prova de que a comida para humanos ou animais ou que as suas embalagens possam estar associadas com a transmissão do novo coronavírus que provoca a Covid-19"(2). Contudo, terminam dizendo que, "No entanto, se quiser, pode desinfetar as embalagens e deixá-las secar ao ar, como forma de precaução"(2). Outros são os organismos que corroboram a informação reportada no relatório emitido pela FDA. A Comissão Europeia, a 8 de abril de 2020, emitiu um documento com uma série de perguntas e respostas referentes à temática “COVID-19 e Segurança Alimentar”. Neste documento, à questão “Qual é o risco de obter COVID-19 de embalagens de alimentos?” a Comissão responde “Embora, de acordo com um estudo recente, tenha sido demonstrado que o agente causal do COVID-19 (SARS-CoV-2) persiste por até 24 horas em cartão por vários dias em superfícies duras, como aço e plástico em ambientes experimentais (por exemplo, humidade relativa e temperatura controladas), não há evidências de que embalagens contaminadas, expostas a diferentes condições e temperaturas ambientais, transmitam a infeção. No entanto, para lidar com as preocupações de que o vírus presente na pele possa ser transferido para o sistema respiratório (por exemplo, tocando o rosto), as pessoas que manipulam embalagens, incluindo os consumidores, devem seguir as orientações das autoridades de saúde pública sobre boas práticas de higiene, incluindo lavagem regular e eficaz das mãos” (3). A Organização Mundial de Saúde (WHO, World Health Organization), por sua vez, no documento de orientações aos consumidores, à questão “É seguro receber um pacote de qualquer área em que o COVID-19 tenha sido relatado?”, responde “Sim. A probabilidade de uma pessoa infetada contaminar mercadorias comerciais é baixa e o risco de infetar um pacote que tenha transportado, também é baixo.” (4).
Em jeito de conclusão, perante toda a informação até agora disponibilizada, podemos afirmar que os especialistas são unanimes que a transmissão por embalagens de plástico, cartão ou outro material não é evidente, uma vez que, mesmo permanecendo nas superfícies, a carga viral é muito baixa. Assim sendo, a recomendação geral é manter as regras de higiene e lavar as mãos com água e sabão quando se regressa a casa, e novamente quando se termina a tarefa de arrumar as compras.
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Fonte: Instituto Nacional de Saúde (INSA) - Departamento de Alimentação e Nutrição